Abstract:
Com a Quarta Revolução Industrial, a última década foi marcada por grandes 
avanços tecnológicos que proporcionaram à população novas formas de 
comunicação, informação, produção e organização. A instauração dessa 
"globalização tecnológica" modificou significativamente o modo de prestação de 
serviços, viabilizando, inclusive, o surgimento de novos modelos, como o 
trabalho em plataformas digitais. Essas novas plataformas usam a internet para 
conectar os consumidores com os provedores de serviços sob o discurso de que 
são meras intermediárias, propagando a ideia de um livre mercado 
desregulamentado, principalmente na perspectiva trabalhista. E, para que seus 
objetivos sejam aceitos pela sociedade, utiliza-se um discurso manipulatório que 
prega economia de compartilhamento, liberdade de horários, autonomia e altos 
salários que, em tese, em trabalhos "tradicionais", não seriam possíveis. Assim, 
sob a égide de tal retórica, o serviço é prestado sem o reconhecimento voluntário 
de relação de emprego entre as partes, razão pela qual o prestador de serviços 
não é protegido pelo Direito de Trabalho e os donos das plataformas escapam 
de toda responsabilidade social que a eles é imposta. Diante desse contexto, o 
presente estudo busca analisar os tipos de discurso manipulatório das 
plataformas digitais e seus efeitos nessa forma de relação de trabalho, tanto no 
aspecto subjetivo quanto no objetivo.